segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dia dos Pais

Ontem foi o Dia dos Pais. Não comprei presente para o meu, ele sempre reclama dos presentes, não liga muito para isso e estou sem grana, juntando isso tudo, sobrou apenas um abraço e um beijo que dei nele.
Fomos todos almoçar na casa dele, minha mãe preparou nhoque que estava muito bom, a criançada correndo pra cima e pra baixo, tudo ia bem.
Quando minha irmã e meu irmão foram embora com suas respectivas trupes, no silêncio da sala com a televisão ligada, sobou apenas meu pai olhando pro infinito, pensativo, triste até.
Não tive coragem de interrompê-lo, apenas disse tchau e fui para minha casa.
Meu pai não é de muitas palavras, muito pelo contrário, foram raras as nossas conversas sobre amenidade, sempre que conversamos, ou é pra discutirmos ou pra ele reclamar de algo. Tudo bem, lido bem com isso, sei que é o jeito dele, e não será agora que reclamarei disso. Nunca fui o melhor filho do mundo, bati muita cabeça por ai, mas nunca aprontei feio, meu pai nunca precisou me buscar em algum lugar porque eu tinha arrumado confusão ou mesmo trouxe problemas sérios pra dentro de casa, isso tudo pela educação que ele me deu e também por um pouco de medo, que infelizmente ainda conservo um pouco, mesmo sendo homem crescido.
Tenho algumas mágoas do meu pai? Claro que tenho! Mas como disse acima, isso nunca me prejudicou ou me tornou uma pessoa ruim, afinal ele é meu pai, e também não é perfeito, natural que tenhamos algumas rusgas.
Mas ontem, quando me despedi dele, a tristeza parecia que o estava consumindo. Boa parte dessa tristeza se deve ao fato da briga eterna do meu irmão e minha irmã, ele não se falam, desde sei lá quando, sempre acontece algum encrenca em dias festivos, uma merda. Isso deixa meus pais, e principalmente meu pai indignado e triste, muito triste. Nenhum dos dois tem razão, mas meu irmão tem menos razão ainda.
Sei que a tristeza do meu pai, em grande parte também, é pela saudades da Carla, minha outra irmã que morreu há 10 anos, vitima de leucemia, ela era noiva na época, tinha comprado um apartamento - que é onde moro hoje, estava fazendo uma segunda faculdade, uma vida inteira pela frente, mas infelizmente mesmo com o transplante de medula, a doença venceu a guerra.
Pai nenhum deveria enterrar um filho, isso é contra a natureza, o correto é os mais jovens enterrar os mais velhos. Acho que meu pai nunca se recuperou e nunca se recuperará da perda.
Ontem vi meu pai triste e não tive coragem de ir lá consolá-lo. Acho que pelo meu medo ou sei lá o que. Mas perdi uma oportunidade que nunca deveria ter perdido.
Sr. Carlos, Feliz Dia dos Pais!

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